Cirurgia robótica para câncer de próstata avança no Brasil

Em 85% das cirurgias para remoção do tumor na próstata nos EUA já são usados robôs. Risco de morte pela doença é até três vezes menor nesses pacientes, diz pesquisa

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Uma das doenças mais temidas dos homens é o câncer de próstata. Cerca de 10% dos homens com 50 anos, 30% com 70 anos e 100% dos que chegarem aos 100 anos de idade terão a doença. Embora não seja possível evitar o desenvolvimento do câncer de próstata, a descoberta precoce aumenta as chances de cura para 80% a 90%. Já quando o tumor é detectado em estágio avançado, essas chances diminuem para 10% a 20%.

Nos casos em que o câncer de próstata já está instalado e nos quais a cirurgia já possui indicação, a prostatectomia robótica, que utiliza a precisão e a característica minimamente invasiva dos procedimentos executados com o auxílio do robô, é uma das grandes aliadas na remoção do tumor.

Dados presentes em dois estudos publicados em 2010 por Michael Zelefsky, do Memorial Sloan Cancer Center de Nova York, e Matthew Cooperbergda Universidade da Califórnia, demonstraram que o risco de morte por câncer de próstata foi de 2,2 a três vezes menor em pacientes tratados com a cirurgia robótica. Mas

Neste cenário, os avanços da cirurgia robótica têm sido cada vez mais expressivos quando se trata de casos de câncer de próstata. Atualmente, cerca de 85% das cirurgias para a doença são realizadas utilizando a plataforma robótica, nos Estados Unidos.

Risco de morte é menor com cirurgia robótica

O método que já acontece há mais de 10 anos no exterior, como uma ferramenta para diminuir os casos de câncer de próstata, ainda está em fase embrionária no Brasil, mas vem aumentando progressivamente, seguindo uma tendência mundial.

Segundo José Roberto Colombo, urologista do Hospital Moriah, em São Paulo, o uso de robôs em cirurgias urológicas é mais preciso e menos invasivo para o paciente que terá uma recuperação mais ágil e ficará menos tempo internado, o que significa menor trauma cirúrgico.

A cirurgia auxiliado pelo robô utiliza métodos baseados em protocolos clínicos conduzidos por profissionais treinados, controlando o equipamento para realizar incisões de no máximo 1,0 cm no abdômen. O equipamento tem a capacidade de dissecar e suturar tecidos de forma mais precisa, o que aumenta as chances de cura da doença.

A utilização da técnica robótica proporciona ao cirurgião melhor visão dos órgãos abdominais e movimentação mais suave dos instrumentos cirúrgicos, o que possibilita uma retirada mais segura do tumor com um risco bastante reduzido de lesão dos nervos e músculos adjacentes à glândula. O paciente enfrenta menor desconforto pós-operatório e conta com uma recuperação mais rápida”, explica.

Pacientes correm menor risco de disfunção erétil

A tecnologia robótica é um diferencial quando se fala em procedimento minimamente invasivo e sua aplicação tem bons resultados na recuperação do paciente. Nos procedimentos urológicos a recuperação da função erétil e continência urinária é melhor que na cirurgia convencional.

O urologista Sandro Faria – um dos três médicos que mais operam com cirurgia robótica no país — afirma que a técnica é conhecida mundialmente na abordagem e preservação dos nervos responsáveis pela ereção. “A precisão confere resultados superiores no controle do câncer e da prevenção da continência urinária e da função sexual”, explica.

De acordo com a literatura, 60% dos pacientes operados por robótica retomam uma vida sexual normal, e nos casos convencionais este índice fica de 10% a 30% As cirurgias robóticas urológicas compreendem o tratamento do câncer de próstata, rim, testículo e bexiga, e no tratamento da estenose de junção do ureter com a pelve renal.

A Rede D’Or São Luiz,  já realizou cerca de 800 procedimentos em Urologia, uma das especialidades que mais opera com esta tecnologia. Além disso, esses resultados tornam o Hospital Quinta D’Or um dos centros com o maior volume de procedimentos robóticos do Rio de Janeiro.

Entre os benefícios, pode-se citar a visualização 3D do tumor, que permite ao cirurgião maior precisão da dissecção, minimizando hemorragias. Além disso, o procedimento minimamente invasivo contribui com a rápida recuperação do paciente e reduz as chances de problemas de incontinência urinária, além de menor risco de disfunção erétil”, detalha Rodrigo Frota, urologista e coordenador do Programa de Cirurgia Robótica da Rede D’Or São Luiz.

Sucesso também na reversão de vasectomia

Desde fevereiro de 2019 o Hospital Samaritano Higienópolis, do Americas Serviços Médicos, passou a realizar cirurgias de reversão de vasectomia assistidas por robô. O primeiro procedimento com o uso do robô de última geração da Vinci Xi, geralmente feito com auxílio de microscópio, foi um sucesso e é novidade no Brasil. De acordo com a assessoria do hospital, a cirurgia pouco invasiva torna-se uma opção para os homens que se arrependeram e desejam ter mais filhos.

O robô tem sido muito utilizado no tratamento do câncer de próstata e agora vem para auxiliar no tratamento da infertilidade masculina. O robô nos permite executar a reversão de vasectomia, procedimento delicado, com maior precisão. Atualmente, os centros que realizam esse procedimento estão na Flórida e no Texas, nos Estados Unidos”, diz Ravendra Moniz.

O tratamento de vasectomia é feito por homens que não querem ter filhos. Mas cerca de 6% da população que realiza o tratamento opta por reverter o procedimento, segundo estimativa norte-americana (Sandlow JI, Urol Clin North Am. 2009). No Brasil, podem optar pela vasectomia homens acima de 25 anos e/ou, pelo menos, dois filhos vivos. “Atendemos muitos homens com o desejo da paternidade, muitas vezes em um segundo casamento, e essa, sem dúvida, é uma opção segura e custo-efetiva quando comparada a outras técnicas de reprodução assistida”, completa o Dr. Moniz.

Na vasectomia, é realizado um pequeno corte na bolsa testicular. Através desse corte, isola-se o ducto deferente, bilateralmente, que será cortado e amarrado para interromper a passagem de espermatozoides. O líquido seminal continua sendo ejaculado na relação, mas sem espermatozoides. Diferentemente da vasectomia, o procedimento de reversão é delicado, de alta complexidade, e normalmente, é realizado com o uso de microscópio cirúrgico.

É preciso reconectar as duas partes dos canais deferentes anteriormente separadas. As pontas dos canais deferentes são localizadas e preparadas para o procedimento, que consiste na sutura das duas partes com fios microcirúrgicos de calibre semelhante a um fio de cabelo. Entre quatro e oito semanas após a cirurgia, é recomendada a realização de um exame de espermograma”, explica o médico.

Urologista já realizou mais de 2 mil cirurgias robóticas desde 2008

O urologista Sandro Mendonça Faria, que atende e opera em Campinas e em São Paulo, está entre os três médicos que mais usam o robô Da Vinci no Brasil. Com mais de 2 mil cirurgias robóticas na carreira, realizadas em diversas partes do País, ele opera exclusivamente com a ferramenta há mais de 12 anos.

Um mês depois que o primeiro robô chegou ao Brasil, em 30 de março de 2008, no Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Sandro fez duas cirurgias de próstata na capital paulista no mesmo dia: 25 de abril de 2008, uma no Einstein e outra no Hospital Sírio-Libanês, que a esta altura havia adquirido o robô Da Vinci também. Além destas duas renomadas instituições em São Paulo, o urologista opera ainda no Hospital Vera Cruz, em Campinas.

Segundo o médico, os benefícios da cirurgia robótica derivam da precisão dos movimentos. Para a retirada de câncer de próstata (prostatectomia), por exemplo, são necessárias apenas quatro incisões medindo 1cm cada um, enquanto na forma convencional o corte mede 20cm. “A cirurgia robótica pode ser comparada à assertividade de uma videolaparoscopia, só que conduzida por robô. Por isso, com este método a recuperação do paciente é muito mais rápida em todos os tipos de cirurgia”, compara.

Na prostatectomia robótica ainda aumenta o índice de sucesso em relação à manutenção da continência urinária e da potência sexual: a contenção da urina apresenta praticamente 0% de alteração e, no que se refere à preservação dos nervos responsáveis pela ereção, o êxito gira em torno de 80% a 90%, contra bons resultados entre 20% e 30% na cirurgia tradicional.

Por ter sido um dos pioneiros no uso de robô em procedimentos cirúrgicos, Dr. Sandro, que especializou-se na técnica na Emory University (EUA), é convidado pela fabricante do Da Vinci e por hospitais de todo o País para capacitar médicos iniciantes na prática em intervenções relacionadas a câncer de próstata, tumor renal e hiperplasia prostática benigna.

Dr. Sandro explica que os cursos compreendem os médicos acompanharem cirurgias robóticas conduzidas por ele; numa segunda etapa ele orienta os médicos em operações feitas em simuladores e, na terceira fase, ele fica junto com a equipe que está operando “só para olhar”. “Em média, acompanho dez cirurgias de cada médico, até ele sentir-se apto a comandar sozinho”, conta o cirurgião.

Importância da prevenção do câncer de próstata

Glândula responsável por nutrir os espermatozoides, a próstata passa a ser o centro das atenções após os 45 anos de idade, fase em que os cuidados com o órgão precisam ser redobrados. A recomendação é clara: homens com mais de 40 anos e que tenham casos de câncer prostático na família e com mais de 45 anos que não possuam histórico familiar devem procurar o urologista para consulta de rotina.

Mesmo com muitas informações e campanhas, muitos homens não fazem o acompanhamento. Dados do Instituto Nacional de Câncer  (Inca) apontam esta resistência, a cada ano são diagnosticados cerca de 69 mil novos casos da doença, atrás apenas do câncer de pele.

O assunto que ainda configura certo tabu entre o público masculino. O exame de toque, que dura apenas alguns segundos e pode ser o grande divisor de águas entre um diagnóstico precoce com altas chances de cura e a detecção de um tumor já em fase avançada, apesar de ser cercado de mitos e preconceitos, felizmente tem sido procurado cada vez mais. Além do toque, outros recursos também são utilizados, como os exames de sangue e de imagem.

Com Assessorias

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